quinta-feira, 7 de julho de 2011

Uma fila de árvores...



Uma fila de árvores caminha pela minha rua em direcção ao Norte.

As árvores caminham lentamente, com o rosto
levantado, arrogantes ou tristes, com essa lentidão do
equilibrista sobre um campo de minas.

Pudessem ser amigos que fugiram da morte,
pois a morte tem apego ao Sul.

Pudessem ser uma fila de homens sem casa nem
família com a convicção do soldado que
avança para a derrota.

Mas são apenas árvores, altas, de folha perene, cujos passos
impassíveis nunca perdem o ritmo,
uma fila que o vento não dissolve nem extingue.

Eu não quero saber que dor as sujeita, nem que
mão imprudente as animou a crescer.

Apenas as observo passar, dia após dia, passar desde
a infância, desde o primeiro amor.

Quereria perguntar-lhes os nomes, mas calo-me.

Quereria que a noite chegasse e as cobrisse:

Que inclinassem apenas a cabeça ao morrer.

 
 
Jesus Urceloy

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