domingo, 18 de março de 2012

Vendo-a Sorrir




Vendo-a Sorrir

(A minha filha)

Filha, quando sorris, iluminas a casa
          Dum celeste esplendor.
A alegria é na infância o que na ave é asa
          E perfume na flor.

Ó doirada alegria, ó virgindade santa
          Do sorriso infantil!
Quando o teu lábio ri, filha, a minha alma canta
          Todo o poema de Abril.

Ao ver esse sorriso, ó filha, se concentro
          Em ti o meu olhar,
Engolfa-se-me o céu azul pela alma dentro
          Com pombas a voar.

Sou o Sol que agoniza, e tu, meu anjo loiro,
          És o Sol que se eleva.
Inunda-me de luz, sorri, polvilha de oiro
          O meu manto de treva!

Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'

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