quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pai

Para o meu Pai, o meu Maior e Eterno Amigo...




O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage


2 comentários:

  1. Bonita e emocionante homenagem.
    Mi

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  2. Melhores amigos,
    Melhores confidentes,
    Estão sempre lá...quando mais precisamos!!!
    Aconchego de PAI não existe ligação mais forte!!!
    Um conchego para todos os pais, são tão importantes nas nossas vidas!!!

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